quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O curto-circuito do orgasmo

Como funciona o processo do orgasmo no organismo humano.
A evolução criou o prazer sexual como pretexto para o acasalamento. Pela causa justa de estimular a reprodução das espécies, valeria a pena superativar o cérebro, deixando-o à beira do esgotamento.

Por Lúcia Helena de Oliveira, com Demetrius Paparounis
http://super.abril.com.br/superarquivo/1993/conteudo_113862.shtml

Certa vez, em um impulso autobiográfico, o romancista russo Fió-dor Dostoiévski (1821-1881) escreveu: Felicidade Tão forte e tão doce que por alguns segundos dessa delícia trocaria dez anos de minha vida. Dessa maneira, por incrível que pareça, ele tentava descrever um ataque epilético. O autor de clássicos da literatura, como Irmãos Karamázov, era vítima de um raríssimo tipo de epilepsia, em que, durante o surto, as áreas de prazer do cérebro ficam à beira de um curto-circuito. A pessoa, então, experimenta algo semelhante a orgasmos, enquanto dura a crise. Por sorte, não é preciso padecer do mesmo mal para saber do que o escritor falava. Normalmente, a sensação de prazer intenso é a isca arranjada pela evolução para atrair determinados seres vivos para o sexo, garantindo a reprodução de suas espécies. A maioria dos chamados animais se-xuados cai nessa armadilha do desejo, mas nenhum com tanta freqüência e tamanha intensidade quanto o homem.
A espécie humana pode ser considerada a campeã do prazer sexual. Afinal, é capaz de experimentar o orgasmo em qualquer época do ano, enquanto outros bichos só desfrutam desse prazer no período do cio. Para chegar ao orgasmo, o sistema nervoso ordena, em primeiro lugar, que os batimentos car-díacos acelerem, autorizando um derrame do hormônio adrenalina. A substância faz o coração arrancar, por um bom motivo: não pode faltar sangue para os músculos, na agitação do sexo. Esse mesmo hormônio, despejado pelas glân-dulas supra-renais, faz ainda com que as artérias se dilatem, facilitando a passagem do sangue. Este precisa estar oxigenado daí que os pulmões também aumentam o ritmo de trabalho; a respiração torna-se rápida e curta. Toda essa superatividade física leva o corpo a esquentar, como um motor prestes a fundir. E, feito a água do radiador de um carro, o suor passa a jorrar na pele, na tentativa de controlar a febre do desejo.
No cérebro, por sua vez, um crescente número de neurônios passa a secretar substâncias ativadoras de certas regiões, que são reconhecidamente o centro das sensações de prazer. Foram elas, aliás, que comandaram aquelas reações do corpo, como o aceleramento do coração. Até que, no limiar do esgotamento físico e da exaustão dos neurônios, outra região cerebral, a do desprazer, contra-ataca com uma descarga de endorfinas, para acabar com a festa e com o risco de pane cerebral. Nos pequenos espaços entre os neurônios, as endorfinas com forte efeito calmante vão se misturar às substâncias excitantes liberadas pelas zonas de prazer. Assim, por alguns instantes, tanto as áreas de prazer como a do desprazer entram no curto-circuito do orgasmo, e mandam faíscas para outras partes do sistema nervoso. Entre elas, as responsáveis pelos movimentos de certos músculos eis o co-mando para o espasmo da ejaculação, que sempre acompanha o gozo masculino.
Há quem se contorça por inteiro, involuntariamente, até o cérebro se pôr em ordem. Quando isso acontece, sobra o cansaço da intensa atividade física, capaz de consumir a mesma quantidade de calorias de uma partida de tênis, de 420 a 660. Resta, também, o relaxamento provocado pelas endorfinas, que, depois de serem descarregadas em alta dosagem no cérebro, terminam se espalhando pelos músculos, arrastadas pela corrente sangüínea.
No reino animal as coisas funcionam de forma mais ou menos parecida. Mas, em geral, as fêmeas dos mamíferos só topam o acasalamento quando estão no período do cio, diz o biólogo Ladislau Deutsch, de São Paulo, que afirma já ter visto sexo até de macacos africanos. Segundo ele, duran-te a ejaculação, os mamíferos machos demonstram uma forte sensação, semelhante ao orgasmo do homem. Quanto às fêmeas, é impossível ter certeza de que sentem alguma coisa.
Ou seja, nesse aspecto, até que se prove o contrário, o sexo feminino dos seres humanos é uma exceção. O fato de a mulher ser privilegiada com a capacidade de sentir prazer sexual nunca foi muito bem compreendido, admite o geneticista Oswaldo Frota-Pessoa, da Universidade de São Paulo, autor de livros sobre sexo e seleção natural. No macho, por causa da coincidência entre o orgasmo e a ejaculação, conclui-se que a sensação prazerosa tem o papel de impulsionar o organismo a injetar seus espermatozóides na parceira, explica. Já o orgasmo feminino, à primeira vista, parece não ter função. É claro, porém, que existem algumas teorias para justificá-lo.
Há quem postule, por exemplo, que o orgasmo da mulher surgiu quando seus ancestrais se tornaram bípedes. Isso porque a nova postura criava a possibilidade de a fêmea sair caminhando, logo depois da relação sexual. E, daí, a maioria do sêmen escorregaria rapidamente para fo-ra da vagina, sem dar muita chance de fecundação aos espermatozóides. No entanto, o gozo deixaria os músculos do corpo com-pletamente relaxados. Desse modo, a tendência seria a mulher permanecer mais tempo deitada. A teoria é polêmica afinal, caminhar depois do sexo jamais foi um método anticoncepcional. Estudos recentes mostram, ainda, que os espasmos ocorridos durante o orgasmo transformam o útero numa espécie de sugador, facilitando, mais uma vez, a entrada dos espermatozóides.
Uma coisa é certa: o prazer feminino, ao tornar a fêmea bem disposta para o sexo, foi fundamental para libertar a espécie humana do cio. Para os seus indivíduos, todo dia pode ser dia de acasalamento. A possibilidade do orgasmo, de que só os humanos parecem ter consciência, torna o sexo uma tentação permanente. E, no cérebro, o centro de todas as tentações e de todas as aversões, também , fica no chamado sistema límbico.
Trata-se de uma enorme região, dividida em diversos núcleos, na parte interna da massa cinzenta. Uma de suas principais estruturas é o chamado septo, que governa as sensações de prazer. Na realidade, as emoções agradáveis também são criadas numa área vizinha e maior: o hipotálamo, que ainda se responsabiliza pelas sensações de fome, sede, frio e calor. Um terceiro núcleo desse sistema é o hipocampo, a sede da memória. Finalmente, existe a amígdala, que é o grande centro de desprazer do sistema nervoso. Quando a gente estimula eletricamente essa área, no cérebro de cobaias, notamos que elas sentem emoções desagradáveis, como medo ou raiva, revela o neurofisiologista Eduardo Pagani, de 29 anos, que faz pesquisas sobre o sistema nervoso na Escola Paulista de Medicina. De acordo com ele, o orgasmo pode ser considerado uma overdose das substâncias produzidas pelas células nervosas dessas quatro estruturas do sistema límbico.
Tudo, no entanto, começa mais na superfície da massa cerebral, ou seja, na camada cinzento-escura conhecida por córtex. Nele, afinal, desembocam as informações nervosas, provenientes dos diversos órgãos sensoriais. É o caso, por exemplo, da imagem do parceiro em potencial, que alcança a retina, no fundo dos olhos. Ali, a luz refletida por essa figura é transformada em impulsos elétricos, que percorrem o nervo óptico até parar no córtex. Os neurônios que tecem essa camada vão analisar a imagem recém-chegada: se é a de uma pessoa gorda ou magra, se ela tem pernas finas ou grossas, se o nariz é arrebitado ou adunco e assim por diante. O córtex, porém, só processa esses dados, sem emitir nenhum juízo, explica Pagani. É o sistema límbico que julga se é para gostar ou não dessa imagem.
Não é à toa, a primeira escala das informações nervosas no sistema límbico é justamente o hipocampo, aquela estrutura relacionada à memória. Ele faz comparações com outras imagens gravadas em seus arquivos, isto é, suas redes de células, diz o pesquisador. A partir disso, vem o veredicto: o hipocampo pode enviar as informações visuais àquelas duas áreas ligadas ao prazer ou para a amígdala, relacionada ao desprazer.
O provável parceiro sexual, é claro, não se limita a estimular a visão. O tom da voz e, mais adiante, quem sabe, o som de gemidos entram no cérebro pela área do córtex dedicada à audição. As carícias chegam pelo tato; o cheiro pelo olfato; o sabor do beijo, pelo paladar. O trajeto, porém, é sempre o mesmo, isto é, dos órgãos sensorias em direção ao córtex e, a partir daí, ao sistema límbico. Algumas vezes, os órgãos sensoriais podem ser dispensados, diz Pagani. Pois a imaginação também consegue estimular o córtex e, daí, o sistema límbico. Isso explica por que existem pessoas que se excitam ao ver uma cena de filme ou uma foto de revista.
Provavelmente, é o sistema límbico que dá a primeira ordem para os órgãos sexuais se excitarem, enviando substâncias que os deixam inundados de sangue extra. Este, contudo, não é o único mecanismo. Os cientistas descobriram que a medula espinhal, na altura da região lombar, também é capaz de liberar substâncias da ereção masculina e do intumescimento do clitóris, na vagina. Mas, no caso, essa segunda ordem só é acionada quando existem estímulos táteis pela masturbação ou pelo próprio contato dos genitais.
A partir do momento em que clitóris e pênis são estimulados, surge uma via de mão dupla. Os genitais não apenas recebem as mensagens de prazer, vindas do sistema límbico, como enviam outras, reforçando a sensação agradável. Com isso, o sistema límbico vai ficando cada vez mais acionado e, nessa altura, começa a interferir no funcionamento de outras áreas cerebrais especificamente daquelas ligadas às funções involuntárias do corpo. É como se o cérebro desejasse que essa felicidade não tivesse fim. Tudo se acelera, até que os organismos cheguem ao clímax, algo já comparado a uma explosão, um curto-circuito e por Dostoiévski à epilesia que o martirizava.

Para saber mais:
Sexos opostos
(SUPER número 9, ano 2)
Os verdadeiros segredos do sexo
(SUPER número 3, ano 4)
Anos rebeldes
(SUPER número 11, ano 3)
A arte de enganar
(SUPER número 10, ano 7)
Ciência do desejo
(SUPER número 6, ano 10)


O exercício do sexo

As principais reações do organismo, durante o ato sexual

Cérebro: a atividade dos neurônios aumenta.

Pele: a face e outras áreas ficam ruborizadas, porque o hormônio adrenalina dilata os vasos superficiais do corpo.

Coração: acelera para bombear mais sangue aos músculos.

Pulmões: a respiração se torna rápida, para oxigenar o sangue, que circula mais depressa.

Músculos: dilatam-se, com a chegada de doses extras de sangue; depois, pela circulação, recebem substâncias calmantes, fabricadas no cérebro, e ficam quase absolutamente relaxadas.


No homem:

1 - O organismo está pronto para sentir desejo sexual a partir da puberdade, quando os chamados hormônios andrógenos passam a ser secretados em maior quantidade, pelas glândulas supra-renais e pelos testículos.

2 - O desejo só é percebido, porém, quando esses hormônios andrógenos se combinam, no cérebro, com uma substância neurotransmissora chamada dopamina.

3 - Unidas, as duas substâncias vão induzir a liberação dos hormônios FSH e LH, secre-tados pela glândula hipófise, tam-- bém situada no cérebro. Tanto o FSH como o LH estimulam, por sua vez, a produção de espermatozóides e do principal hormônio sexual masculino, a testosterona.

4 - Quando espermatozóides e testosterona já entraram em ação, o cérebro pode dar a sua contribuição, transmitindo através da medula espinhal os impulsos provenientes dos centros de prazer. Ao alcançarem a região lombar, essas mensagens de conteúdo prazeroso são desviadas para nervos que têm comunicação direta com as artérias do pênis.


Na mulher:

1 - A capacidade de ter desejos sexuais também é desencadeada pelos hormônios andrógenos (que promovem no homem o desenvolvimento masculino). Estes, embora sejam tipicamente masculinos também são produzi-dos no organismo da mu-lher só que em dosagens meno-res, secretadas pelas glândulas supra-renais e pelos ovários.

2 - Assim como no homem, o desejo se reforça, quando os hormônios andrógenos inundam o cérebro e se misturam com a substância do-pamina, produzida pelas células nervosas.

3 - Mais uma vez, a dupla andrógeno-dopamina dispara a liberação dos hormônios FSH e LH.

4 - Mas, na mulher, FSH e LH provocam a produção do hormônio sexual estrógeno, que faz amadurecer o óvulo para a fecundação, mas nada tem a ver com o apetite sexual. Pois o desejo feminino é resultado da ação de outra substância de nome complicado a ocitocina, que os centros de prazer cerebrais descarregam diante de estímulos agradáveis, como a visão do parceiro. Carregadas pela corrente sangüínea, as moléculas de ocitocina impregnam determinadas regiões do corpo, como seios e vagina, transformando-as em zonas erógenas.


Sistema hidráulico

Como ocorre a ereção do pênis
As artérias que irrigam o pênis vivem trabalhando com cerca da metade de sua capacidade. Mas tudo muda quando o cérebro sente prazer. Então, boa parte delas, que se encontrava fechada, se alarga para permitir a passagem do sangue. Esses vasos passam dentro de dois cilindros, formados por músculos e colágeno, que se chamam corpos cavernosos, situa o neurofisiologista Eduardo Pagani, da Escola Paulista de Medicina, que vem estudando o tema. Com a chegada de mais e mais sangue, esses corpos começam a se dilatar.
Em um primeiro momento, o pênis fica volumoso, mas permanece flácido até que o volume das artérias alcance o ponto máximo: então, elas próprias, graças ao espaço que ocupam, atrapalham o escoamento do sangue, apertando e obstruindo as veias da vizinhança. Como continua entrando muito sangue e pouco dele consegue sair, o pênis termina ficando rígido, diz Pagani. Segundo o especialista, um fenômeno semelhante ocorre com o clitóris, no caso das mulheres este órgão incha, mas não chega a se enrijecer.

domingo, 17 de agosto de 2008

Violência contra a mulher

Mobilizações em vários países marcam Dia de Combate à Violência contra a Mulher24/11/2004 - 15:12 - Redação Desarme
Nesta quinta-feira (25) serão comemorados os cinco anos da criação do Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher. A data foi escolhida em dezembro de 1999 pela Assembléia Geral das Nações Unidas com o objetivo de alertar o mundo para o problema da violência de gênero.
Segundo a ONU, uma em cada três mulheres no mundo já foi espancada, estuprada ou sofreu algum tipo de abuso sexual. Na maioria dos casos, elas conhecem quem as violou. Para a organização, a violência contra mulheres e meninas é um problema universal, de proporções epidêmicas, que destrói vidas, separa comunidades e retarda o desenvolvimento.
Estatísticas mostram que as consequências sociais da violência de gênero podem ser devastadoras. Tanto que, em 2002, o Conselho Europeu adotou uma recomendação declarando a violência contra as mulheres problema de saúde pública, pois a violência doméstica é uma das principais causas de morte e invalidez para mulheres entre 16 e 44 anos. Os custos financeiros também são consideráveis. Um relatório de 2003 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos informa que os gastos se aproximam de U$ 6 bilhões ao ano naquele país, incluindo serviços médicos e perda de produtividade.
Defesa
Organizações que defendem os direitos das mulheres vêm trabalhando para apoiar e ajudar essas mulheres a superar os abusos, por meio de programas educativos, treinamento, suporte jurídico e formação de redes nacionais e internacionais. Mais de 45 países têm legislação específica contra a violência de gênero e um número cada vez maior de nações está instituindo planos de ação para acabar com a violência doméstica.
Na América Latina e Caribe, casos de assassinatos massivos, como o de Cidade Juaréz, na Guatemala, de Alto Hospício, no Chile, e de estupros em massa ocorridos na Colômbia, demonstram os maus tratos sofridos pelas mulheres na região.
Em dezembro de 1979, foi aprovada pelos estados da região, a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher e a Convenção Interamericana para Prevenção e Erradicação da Violência contra a Mulher. No Brasil, foi aprovado este ano projeto de lei que introduziu artigo no Código Penal para tipificar o crime de violência doméstica.
A maioria dos Estados latino-americanos e caribenhos possui uma legislação que condena a violência de gênero. Em grande parte deles, no entanto, as leis não são cumpridas ou os processos levam muito tempo na Justiça ocasionando a impunidade. Segundo dados da Organização Panamericana de Saúde (OPS), em Santiago, capital do Chile, mais de 50% das mulheres sofreram algum tipo de violência por parte de seus companheiros - mais do que no Peru e na Colômbia, onde esses índices chegaram a 41%. No México, a proporção também é de cinco em cada dez.
Irmãs Mirabal
O dia 25 de novembro foi escolhido para lembrar o assassinato, em 25 de novembro de 1960, das irmãs Mirabal na República Dominicana. Sob as ordens do ditador Rafael Trujillo, Patria, Minerva e Maria Teresa foram mortas por suas atividades políticas contra o regime. As irmãs, conhecidas como “borboletas inesquecíveis” se tornaram símbolo da luta contra a vitimização feminina.
Paralelamente ao Dia Internacional acontece a campanha Dezesseis Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero, outro movimento que luta pelo fim da violência contra as mulheres. Coordenada pelo Centro pela Liderança Global da Mulher (Center for Women´s Global Leadership), a campanha acontece entre os dias 25 de novembro e 10 de dezembro e envolve 1.700 organizações em 130 países. Durante duas semanas são realizados eventos e atividades alertando para a problemática. A campanha dos 16 dias é realizada desde 1991.
No Brasil, a data marcará o lançamento, pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), do primeiro fundo brasileiro de combate à violência de gênero. A entidade espera arrecadar R$ 5 milhões.
O Instituto Patrícia Galvão vai lançar uma campanha dirigida a homens e divulgar os resultados de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) sobre a percepção da violência entre as mulheres. Segundo o estudo, a violência doméstica é o problema que mais as preocupa atualmente no país. No ano passado, só na cidade de São Paulo foram registradas 63.482 ocorrências contra a mulher, das quais 23,03% foram lesões corporais. Haverá ainda o lançamento do livro "Onde tem violência todo mundo perde" e do site www.violenciamulher.org.br.
A campanha dos 16 dias, cujo slogan deste ano é "Pela saúde das mulheres, pela saúde do mundo, basta de violência!", está sendo apoiada pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres e pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Redes e nacionais de mulheres e de direitos humanos, órgãos governamentais, empresas estatais e organismos das Nações Unidas integram a mobilização.
O comitê gestor da campanha é composto pela entidade Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento (Agende), pela Bancada Feminina no Congresso Nacional, e pelas comissões do Ano da Mulher na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Fontes: Unifem, Mujereshoy, Instituto Patrícia Galvão, Redfem e Agência Câmara

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Flor de Lótus

Origem: http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2004/08/flor_de_lotus.html

A flor de Lótus é venerada na Índia e no Japão, e Oráculo disse que essa era a flor símbolo da espiritualidade; a mais admirada de todas, do "lado de lá", por suas qualidades. A semente de Lótus pode, por exemplo, ficar mais 5.000 anos sem água, somente esperando a condição ideal de umidade pra germinar. Ela nasce na lama e só se abre quando atinge a superfície, onde só então mostra suas luminosas e imaculadas pétalas, que são autolimpantes, isto é, têm a propriedade de repelir microrganismos e poeiras. É também a única planta que regula seu calor interno, mantendo-o por volta de 35º, a mesma temperatura do corpo humano. O botão da flor tem a forma de um coração, e suas pétalas não caem quando a flor morre, apenas secam. Assim, para os Chineses, o passado, o presente e o futuro estão simbolizados, respectivamente, pela flor seca, pela flor aberta e pela semente que irá germinar.
Nas gravuras indianas, deuses costumam aparecer em pé ou sentado sobre a flor. Isto ocorre com as representações do deus elefante (Ganesha), Lakshmi — a deusa da prosperidade — e Shiva, O destruidor. Krishna têm a seus pés algumas flores de Lótus, que são chamados pada-kamala (pés-de-Lótus). A tradição budista nos relata que quando Siddhartha (que mais tarde se tornaria o Buda) tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus cresceram. Representa, assim, que cada passo do Bodhisattva é um ato de expansão espiritual. Tanto que o conhecimento espiritual supremo é comparado ao florescimento do Lótus de mil pétalas no topo da cabeça, como é chamada a expansão do chakra coronário, e seria o equivalente à auréola dos santos da Igreja Católica.
Origem: http://naliniatelie.nafoto.net/

Para quem não sabe segue uma breve explicação sobre o nome NALINI: NALINI é um nome indiano que literalmente traduz a FLOR DE LOTUS do sânscrito. A FLOR DE LOTUS tem um significado especial no hinduismo pois simboliza a pureza e beleza. A FLOR DE LOTUS, todas as suas folhas estão submersas mas a flor branca de lótus permanece intocada, isso representa que a beleza pode emergir nas mais difíceis e obscuras circunstâncias. Viver NALINI é o mesmo que viver como a FLOR DE LOTUS, conviver em diversas atmosferas mantendo-se puro, adorável, livre de pensamentos e sensações negativas, viver feliz...
Origem: http://www.nalini.com.br/lotus.html

A Flor de Lotus e Nalini

Desde 1997 algumas pessoas me escreveram pela internet para saber o significado do nome "Nalini". Eu só sabia que tinha algo relacionado a flor de lotus.
Foram acessos dos 4 continentes com navegantes curisos, amantes da flor, pessoas em busca de tatuagens de lótus, Nalinis em busca de outras Nalinis e casais grávidos em busca do significado do nome para suas filhas.
Não tenho parentes na India, mas meu nome veio de lá. Na verdade, do livro sobre Paramahansa Yogananda. Com ajuda de outras "Nalinis" e alguns indianos pelo mundo, conseguimos algumas palavras para explicar o significado do nome.
"Nalini" é um nome indiano que literalmente traduz a "flor de lotus" do sânscrito. A flor de lotus tem um significado especial no hinduismo pois simboliza a pureza e beleza, além de ser uma flor que brota das águas lamacentas. Tudo isso representa que a beleza pode emergir nas mais difíceis e obscuras circustâncias.
Pode-se encontrar também uma tradução de Nalini para "gayatri", que significa "Mãe dos Vedas". Os vedas representam as antigas escrituras hindu. Outra tradução ainda é "Mãe do Conhecimento". (Agradeço as informações e pesquisas dos indianos: Nalini Belaramani, Palanisamy Ramasamy e Sreenivas).
Nalini em hindi
A flor de Lótus é venerada na Índia e no Japão como símbolo da espiritualidade; a semente de Lótus pode, por exemplo, ficar mais 5.000 anos sem água, somente esperando a condição ideal de umidade pra germinar. Ela nasce na lama e só se abre quando atinge a superfície, onde só então mostra suas luminosas e imaculadas pétalas, que são autolimpantes, isto é, têm a propriedade de repelir microrganismos e poeiras. É também a única planta que regula seu calor interno, mantendo-o por volta de 35º, a mesma temperatura do corpo humano. O botão da flor tem a forma de um coração, e suas pétalas não caem quando a flor morre, apenas secam. O conhecimento espiritual supremo é comparado ao florescimento do Lótus de mil pétalas no topo da cabeça, como é chamada a expansão do chakra coronário.

sábado, 2 de agosto de 2008

MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Eliana Riberti Nazareth


Numa época em que o intercâmbio entre as pessoas e nações e o manejo das diferenças estão na ordem do dia, as atenções voltam-se para o método do diálogo por excelência, a saber, a mediação.A mediação vem se configurando como uma das formas mais exitosas de condução de conflitos. Apesar de ser uma prática muito antiga, documentada por antropólogos como presente em todas as culturas e religiões, só muito recentemente surgiu como alternativa válida entre nós. Pode-se definir a mediação como “um método de condução de conflitos, voluntário e sigiloso, aplicado por um terceiro neutro e especialmente treinado, cujo objetivo é restabelecer a comunicação entre as pessoas que se encontram em um impasse, ajudando-as a chegar a um acordo”.Como forma de condução de conflitos, apresenta vantagens importantes em comparação com a conciliação e a arbitragem, pois propicia a retomada da autodeterminação das pessoas com relação às próprias vidas. Fundamentalmente é a isto que a mediação se propõe. Delegou-se poder decisório demais ao Estado, na figura dos tribunais com seus juízes, ou mesmo aos advogados. Os mesmos tribunais e juízes estão abarrotados e as pessoas infelizes com sentenças que não as satisfazem, que vêm depois de anos de lutas inglórias entre pseudoganhadores e pseudoperdedores.Tomemos como exemplo a área de família. Chama-nos a atenção o grande número de separações litigiosas e o não cumprimento de sentenças judiciais. Nas separações, o que se percebe ao se trabalhar com casais e famílias é o quanto as pessoas tentam resolver suas frustrações provenientes de um casamento malsucedido por meio de brigas e disputas, desconsiderando os próprios filhos, que acabam sendo os mais prejudicados. O juiz, por mais que represente na mente dos envolvidos o “grande pai” idealizado, não consegue extinguir a fonte do litígio, pois o que há é uma distorção de demanda, isto é, usa-se o Judiciário não só para se desfazer um estado – de casado para separado ou divorciado, por exemplo –, mas para se transformar um ser, uma identidade. O acerto de contas que se pretende é o emocional, a guarda que se reivindica não é só dos filhos como pessoas, mas como produtos de uma relação e representantes de um projeto, em que todos, adultos e crianças, carregam o sentimento de fracasso pelo seu desfazimento. A Associação Americana de Mediação realizou uma estatística nos tribunais dos Estados Unidos, em 1997, e constatou que nos casos de divórcio, nos quais a guarda dos filhos é outorgada à mãe – o que representa a maioria dos casos –, 85% das sentenças em ações de alimentos e guarda não são respeitados.Muitas hipóteses poderíamos levantar para explicar tal ocorrência, mas o essencial é pensarmos que, seja por qual motivo for, as sentenças não atenderam às reais necessidades das pessoas envolvidas, suas prioridades e interesses, pois se o tivessem feito, teriam sido mais consideradas.O mediador é um facilitador do processo de retomada de um diálogo truncado. Diversamente do árbitro ou do conciliador, ele não interfere diretamente, mas ajuda as partes – no caso de processos judiciais –, ou as pessoas que se encontram em situação de disputa a encontrar, elas mesmas, as saídas e alternativas que mais lhes convêm. Por meio do uso de técnicas específicas e utilização de conhecimentos advindos de várias disciplinas e ciências como a psicologia, psicanálise, direito, teoria da comunicação, teoria do conflito etc., o mediador restabelece as ligações que foram rompidas pela má condução ou exacerbação de um conflito. Ele “cataliza” a comunicação.A mediação é um procedimento realizado por profissionais capacitados para tal, que podem ser psicólogos, advogados, médicos, administradores de empresas, assistentes sociais e outros. O objetivo é facilitar o diálogo, colaborar com as pessoas e ajudá-las a comunicar suas necessidades, esclarecendo seus interesses, estabelecendo limites e possibilidades para cada um, tendo sempre em vista as implicações de cada decisão tomada a curto, médio e longo prazo.Desse modo, a probabilidade de as sentenças judiciais serem cumpridas aumenta significativamente, pois os acordos provêm do trabalho das pessoas e são construídos por elas, e não impostos. Tudo isso se traduz não só em economia de tempo e de recursos materiais, mas também, e principalmente, em uma redistribuição mais adequada de recursos emocionais. Representa, ainda, um instrumento valioso de prevenção da violência doméstica, da depressão infantil e da delinqüência juvenil, que tão comumente seguem-se aos litígios familiares.Vimos como a Mediação pode ajudar na questões que chegam ao Direito de Família, porém pode ser utilizada em todas as situações em que haja controvérsias. Portanto, em qualquer situação do convívio humano, em diferentes contextos como nas empresas, escolas, hospitais, comunidades, relações internacionais, etc.

Origem: pai legal

MEDIAÇÃO

A mediação representa uma forma consensual de resolução de controvérsias, na qual as partes, por meio de diálogo franco e pacífico, têm a possibilidade, elas próprias, de solucionarem seu conflito, contando com a figura do mediador, terceiro imparcial que facilitará a conversação entre elas.A mediação possibilita a transformação da “cultura do conflito” em “cultura do diálogo” na medida em que estimula a resolução dos problemas pelas próprias partes. A valorização das pessoas é um ponto importante, uma vez que são elas os atores principais e responsáveis pela resolução da divergência.A busca do “ganha-ganha”, outro aspecto relevante da mediação, ocorre porque se tenta chegar a um acordo benéfico para todos os envolvidos. A mediação de conflitos propicia a retomada do diálogo franco, a escuta e o entendimento do outro.A visão positiva do conflito é considerada um ponto importante. O conflito, normalmente, é compreendido como algo negativo, que coloca as partes umas contra as outras. A mediação tenta mostrar que as divergências são naturais e necessárias pois possibilitam o crescimento e as mudanças. O que será negativo é a má-administração do conflito.A mediação possibilita também o conhecimento do conflito real a partir do diálogo. Muitas vezes, os problemas que se expressam são os aparentes, tendo em vista a dificuldade de se falar sobre real problema. A resolução apenas do conflito aparente não tem eficácia pois o conflito real perdura, dando ensejo a outros problemas.A mediação, por suas peculiaridades, torna-se um meio de solução adequado a conflitos que versem sobre relações continuadas, ou seja, relações que são mantidas apesar do problema vivenciado. Também ressalta-se que os conflitos que envolvem sentimentos e situações fruto de um relacionamento – mágoas, frustrações, traições, amor, ódio, raiva – revelam-se adequados à mediação. Isso porque, nesse mecanismo de solução de controvérsias, há um cuidado, por parte do mediador, de facilitar o diálogo entre as partes, da maneira a permitir a comunicação pacífica e a discussão efetiva dos conflitos.São vários objetivos dentre os quais destacam-se a solução dos conflitos (boa administração do conflito), a prevenção da má-administração de conflitos, a inclusão social (conscientização de direitos, acesso à justiça) e a paz social.A solução de conflitos configura o objetivo mais evidente da mediação. O diálogo é o caminho seguido para se alcançar essa solução. O diálogo deve ter como fundamento a visão positiva do conflito, a cooperação entre as partes e a participação do mediador como facilitador dessa comunicação.O segundo objetivo da mediação é a prevenção de conflitos. A mediação, como um meio para facilitar o diálogo entre as pessoas, estimula a cultura da comunicação pacífica. Quando os indivíduos conhecem o processo de mediação e percebem que essa forma de solução é adequada e satisfatória, passam a utilizá-la sempre que novos conflitos aparecem.A mediação, sendo um meio de solução que requer a participação efetiva das pessoas para que solucionem os problemas, tendo que dialogar e refletir sobre suas responsabilidades, direitos e obrigações, incentiva a reflexão sobre as atitudes dos indivíduos e a importância de cada ato para sua vida e para a vida do outro. A pessoa é valorizada, incluída, tendo em vista sua importância como ator principal e fundamental para a análise e a solução do conflito. Dessa forma, como representa mecanismo informal e simples de solução das controvérsias, exigindo ainda um procedimento diferenciado, no qual há uma maior valorização dos indivíduos do que meros documentos ou formalidades, percebe-se, de logo, um sentimento de conforto, de tranqüilidade, de inclusão.No tocante à pacificação, ressalta-se que se pratica a paz quando se resolve e se previne a má-administração dos conflitos, quando se busca o diálogo, quando se possibilita a discussão sobre direitos e deveres e sobre responsabilidade social; quando se substitui a competição pela cooperação – o perde-ganha pelo ganha-ganha. A mediação, como forma pacífica e participativa da solução de conflitos, exige das partes envolvidas a discussão sobre os problemas, sobre os comportamentos, sobre direitos e deveres de cada um – todo esse diálogo realizado de forma cooperativa, fortalecendo o compromisso ético com o diálogo honesto.Os princípios da mediação podem variar de país para país. No entanto, existe consenso sobre alguns deles, os quais indicam a boa utilização dessa modalidade de solução de controvérsias. São eles: liberdade das partes, não-competitividade, poder de decisão das partes, participação de terceiro imparcial, competência do mediador, informalidade do processo, confidencialidade no processo.A liberdade das partes - significa que devem estar livres quando resolvem os conflitos por meio da mediação. As partes não podem estar sofrendo qualquer tipo de ameaça ou coação. Devem estar conscientes do que significa esse procedimento e que não estão obrigadas a assinar qualquer documento;Não-competitividade – deve-se deixar claro que na mediação não se pode incentivar a competição. As pessoas não estão em um campo de batalha, mas sim estão cooperando para que ambas sejam beneficiadas. Na mediação não se pretende determinar que uma parte seja vencedora ou perdedora, mas que ambas fiquem satisfeitas;Poder de decisão das partes - na mediação o poder de decidir como o conflito será solucionado cabe às pessoas envolvidas. Somente os indivíduos que estão vivenciando o problema são responsáveis por um possível acordo. O mediador somente facilitará o diálogo, não lhe competindo poder de decisão.Participação de terceiro imparcial – o mediador deve tratar igualmente as pessoas que participam de um processo de mediação. Não poderá de forma alguma privilegiar qualquer uma das partes - deve falar no mesmo tom de voz, oferecer o mesmo tempo para que elas possam discutir sobre os problemas, destinar o mesmo tratamento cordial, enfim, o mediador deve agir sem beneficiar uma parte em detrimento da outra;Competência do mediador – o mediador deve estar capacitado para assumir essa função. Para tanto deve ser detentor de características que o qualifiquem a desemepnhar esse papel, dentre as quais, ser diligente, cuidadoso e prudente, assegurando a qualidade do processo e do resultado;Informalidade do processo - A informalidade significa que não existem regras rígidas às quais o processo de mediação está vinculado. Não há uma forma única predeterminada de processo de mediação. Os mediadores procuram estabelecer um padrão para facilitar a organização dos arquivos e a elaboração de estatísticas;Confidencialidade no processo – o mediador não poderá revelar para outras pessoas o que está sendo discutido no processo de mediação. O processo é sigiloso e o mediador possui uma obrigação ética de não revelar os problemas das pessoas envolvidas no processo. O mediador deve agir como protetor do processo de mediação, garantindo sua lisura e integridade. A confiança das partes nasce a partir do momento em que têm a certeza de que o mediador não revelará seus anseios e problemas para um terceiro.Ainda deve ser esclarecida a necessidade de que a boa-fé seja traço marcante naqueles que procuram ou são convidados a participar de um processo de mediação, pois, caso contrário, torna-se quase impossível um diálogo franco e justo. Da mesma maneira, é imprescindível que exista igualdade nas condições de diálogo, de forma a evitar que uma parte possa manipular a outra, o que resultaria em um acordo frágil, com grande probabilidade de ser descumprido.Lilia Maia de Morais SalesProfessora Titular da Universidade de FortalezaProfessora Adjunta da Universidade Federal do CearáDoutora em Direito/UFPEAdvogadaCoordenadora Geral do Programa “Casa de Mediação Comunitária” da Secretaria da Justiça e Cidadania do estado do Ceará.Diretora-presidente do Instituto de Mediação e Arbitragem do estado do Ceará.

Origem: dicionário de direitos humanos

Colégio espanhol forma alunos como mediadores de conflitos

Fonte: Europa Press – EspanhaUm colégio da localidade valenciana de Manises (Espanha) tem formado grupos de alunos como “mediadores escolares” para a resolução de seus próprios conflitos. O colégio participa do projeto “Comenius”, dentro dos programas europeus “Sócrates”, na especialidade de mediação, junto com outros seis colégios da Romênia, França, Escócia, Alemanha, Itália e Portugal.Através do programa, os estudantes intervêm em todos os conflitos que surgem nos espaços comuns do colégio. Entre os requisitos para ser mediador estão a formação prévia da criança e o conhecimento e autorização dos pais. Na maior parte dos casos, o simples diálogo entre os alunos resolve o conflito. Os mediadores usam uma touca amarela e branca e atuam em pares.

Origem: conflitos familiares

Mediação de conflitos familiares ampliada em Portugal

O Governo português vai dar novos poderes aos gabinetes de mediação familiar de seu país, uma forma de resolução de litígios informal, que dispensa o tribunal e é gratuita. Até agora, estes centros de mediação só atuavam em conflitos emergentes da regulação, alteração e descumprimento do exercício do poder parental; passam agora a aplicar-se em quaisquer conflitos familiares.A idéia é tentar evitar que os divórcios sejam litigiosos e resolvidos em tribunal, recorrendo-se para isso ao mediador como forma de promover o diálogo entre as partes e, caso seja possível, chegando-se à assinatura de um acordo com valor judicial (que não dispensa o registro do novo estado civil no cartório). Se esse acordo não for possível, a separação litigiosa terá de ser resolvida no tribunal. Para o processo se iniciar basta que uma das partes em conflito solicite a intervenção do gabinete de mediação - e pode realizar-se independentemente de existir ou não um processo judicial em curso, que pode ser suspenso durante a mediação. Após as primeiras reuniões é, obviamente, necessário o consentimento dos dois envolvidos para que tudo continue.Estas reuniões são orientadas por um mediador, alguém que aborda o conflito no plano legal mas também emocional, que garante total confidencialidade e protege os filhos menores dos processos jurídicos mais acirrados. A duração média de resolução destes conflitos é de um a três meses, embora legalmente não exista limite temporal.

Origem: conflitos familiares

A MEDIAÇÃO COMO RECURSO NOS CONFLITOS FAMILIARES

A MEDIAÇÃO COMO RECURSO NOS CONFLITOS FAMILIARES

Em sua origem, a Mediação estava voltada para questões comerciais e empresariais. Estruturada como processo, foi reinventada na década de setenta, nos Estados Unidos e valeu-se primordialmente das técnicas de negociação apregoadas pela Escola de Negociação de Harvard. À medida que o instrumento passou a ser utilizado por áreas mais delicadas do relacionamento humano, como os temas relativos a famílias, foi incorporando outros pilares teóricos, humanizando-se. O modelo inicial - dirigido, exclusivamente, para o conflito - foi denominado 'Mediação para Acordos' e ocupava-se, particularmente, das questões, não dos conflitantes.
A Teoria da Comunicação somou-se ao processo de Mediação quando de uma mudança paradigmática e, em certo momento, um teórico da Negociação - Robert A. Barush Bush - e um teórico da Comunicação - Joseph F. Folger - construíram juntos um modelo de trabalho que privilegiou o conflitante em lugar do conflito. A denominada 'Mediação Transformativa', ao inverso do modelo anterior, ocupou-se dos personagens mais do que da substância; decidiu cuidar dos litigantes e situar o acordo na condição de possibilidade, não de finalidade. Ergueu-se sobre a proposta de auxiliar as pessoas a reconhecer, em si mesmas e no outro-adversário, as necessidades, as possibilidades e a capacidade de escolha e de decisão. Acreditava-se que tal propósito promoveria a transformação na relação e viabilizaria, como conseqüência natural, o acordo, ator coadjuvante no processo.
Deve-se a Sra Cobb a inauguração do Modelo Circular-Narrativo, o qual, como indica o nome, agregou o pensamento sistêmico com sua proposta de circularidade e a Teoria das Narrativas, além do enfoque sobre redes sociais, à tarefa pós-moderna de encontrar na Mediação um instrumento extrajudicial de resolução, manejo e prevenção de controvérsias. O Modelo Circular-Narrativo se dispôs a cuidar da relação entre litigantes tanto quanto da construção de acordo e abrange as propostas de:
1 - busca de informação sobre o processo de disputa e seu objetivo;
2 - desestabilização das 'histórias oficiais'- relatos e alternativas trazidos - e construção de 'histórias alternativas' - relatos e alternativas ampliadas.
3 - construção e confecção de acordo.
Diagrama ampliado, com base no original de Marinés Suares
Por sua característica transdisciplinar, a Mediação perpassa o Direito, a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a Filosofia e outras Ciências/disciplinas, imprimindo polivalência a um instrumento capaz de tornar-se adequado aos contextos nos quais seu emprego se faça preciso.
Teoria da Negociação, Teoria da Comunicação, Visão Sistêmica, Visão Construtivista / Construcionista Social, Processo Reflexivo, Teoria das Narrativas e Teoria das Redes Sociais compõem ,hoje, parte do instrumental teórico dos distintos Modelos em Mediação, para serem combinados de acordo com o tema a ser mediado, o contexto da Mediação e o estilo do Mediador.

Origem: domínio feminino